quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Esta dor que nunca acaba


Fibromialgia é sinónimo de dor. É uma dor diferente de todas as dores. Já senti muitas dores. Quando fracturei um pé ainda criança (mais do que uma vez). Quando abri a cabeça. Quando tive uma cólica renal. Muitas dores já senti. Mas esta dor é diferente. É uma dor que dói mais. É uma dor que não se cansa de doer, deixando-nos, a nós, completamente cansados. É uma dor que dá vontade de chorar. Sim, é esta a melhor definição que encontrei para descrever esta dor: uma dor que dá vontade de chorar. Uma dor que não acaba nunca. Pode deixar-se enganar pela força dos comprimidos que engolimos, mas é sol de pouca dura. Logo, logo ela volta, ainda mais forte, ainda mais desumana. Esta dor que não acaba tira-me o sono e o discernimento, quase me leva à loucura. Pensar que terei de viver com ela o resto dos meus dias faz-me sentir calafrios e revolta, faz-me querer até desistir. Nunca tolerei muito bem a dor. Tenho um limiar de dor muito baixo. E agora que sinto esta dor descomunal é como se todo o meu corpo entrasse em colapso e se recusasse a reagir. Só quem padece do mesmo pode entender.

Como se já não bastasse esta dor, esta dor que dá vontade de chorar, ainda sou (somos) obrigada a suportar uma outra dor, a dor da alma, a dor da incompreensão. Poucos são aqueles que sabem, de facto, o que é a fibromialgia. Menos ainda são aqueles que a compreendem. Há pouca informação, poucos estudos divulgados, o que faz com esta doença (ou síndrome, se preferirem) seja tão menosprezada. E isso dá origem a reacções e comentários desrespeitosos e ignorantes por parte da sociedade. Por parte até daquelas pessoas que julgávamos amigas. E isso dói. A incompreensão dói. A não aceitação dói. Os comentários maldosos fazem doer. Tudo isto provoca dor na alma que, por sua vez, ainda aumenta mais a dor no corpo. E vou (vamos) vivendo assim, nesta dualidade de dores, tentando encontrar o equilíbrio nesta corda bamba, buscando forças em todos os cantinhos para não desistir.

5 comentários:

  1. Tens a minha solidariedade, já que não te posso aliviar a dor física, por mais que queira.

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  2. Que o escrever possa aliviar um pouco da tua dor. E também a nossa, como leitores.

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